A violência contra a mulher é uma realidade presente em todo país, se configurando como uma das faces mais cruéis do machismo. Os assassinatos contra mulheres possuem, em muitos casos, marcas de muita crueldade e terror - os corpos geralmente são encontrados com marcas de estupros, torturas e estrangulamentos.
A trabalhadora rural e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miranda do Norte, Francisca das Chagas Silva, foi brutalmente assassinada no último final de semana de janeiro. O corpo foi encontrado na segunda-feira, 01 de fevereiro, com sinais de estupro e tortura, jogado na lama. A imagem é chocante e expressa o acirramento da luta no campo contra o latifúndio e a opressão machista.
O Maranhão é um dos estados com maior índice de conflito no campo, cerca de 15 mil famílias, em 71 municípios, vivem ameaças pelo Agronegócio, que representa o projeto de desenvolvimento aplicado pelos sucessivos governos no Maranhão nos últimos 30 anos. Há uma verdadeira política de extermínio dos lutadores do campo, ceifando a vida de pequenos produtores, indígenas e quilombolas, reforçada pela grilagem promovida pelo Estado, pois as condições em que as liminares de reintegração de posse têm sido aplicadas fazem também do Judiciário um aliado do Latifúndio.
O assassinato de Francisca soma-se aos outros 49 líderes do campo mortos no ano de 2015, demonstrando que para a burguesia latifundiária maranhense a vida desses trabalhadores e trabalhadoras não vale nada, quando se trata da manutenção da propriedade privada, da terra e do lucro. Por outro lado, Francisca foi estuprada e torturada, a imagem do seu corpo nu estirado na lama expressa a opressão machista que expõe as mulheres e seus corpos ao escárnio e à humilhação públicos. No Maranhão, a violência contra a mulher e o abuso sexual, principalmente de crianças, é uma constante. Somente em 2015, mais de 1300 casos de violência doméstica foram formalizados em denúncias. Em 2014, foram registrados quase 6 mil denúncias de abuso sexual infantil, no mesmo ano, cerca de 3 mulheres foram estupradas por dia. São números assustadores que demonstram o descaso dos governos estaduais, municipais de o governo federal, que não investem em políticas públicas que protejam as mulheres e as crianças da violência machista.
A organização da nossa classe é fundamental pra que possamos confrontar essa realidade e exigir dos governos condições melhores de vida. Temos que lutar por uma vida sem violência, pelo direito à terra, à educação, à saúde e ao emprego e renda
Movimento Mulheres em Luta - MA
CSP Conlutas - MA