sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Contribuição dos Companheiros e Companheiras da Setorial de Educação da CSP-Conlutas MA


No dia 24 de fevereiro, veiculava na mídia impressa e virtual do país a notícia de que a  professora Danila Soares, que vinha sofrendo um processo agudo de depressão, resolveu tirar a própria vida. O agravante da situação foi o fato de a professores ter sido removida para uma escola que ficava a quatro horas de distância de sua residência em Ribeirão Pires (SP), o estresse e o cansaço diário se tonaram insuportáveis.
Infelizmente casos como o da companheira Danila tem se tornado cada vez mais frequente entre os profissionais da educação. Submetidos a uma jornada extenuante de trabalho, aliado aos baixos salários, ao assédio moral, a desilusão com a profissão, as condições precárias no emprego e o péssimo funcionamento das escolas públicas brasileiras, tem levados um sem número de educadores(as) ao adoecimento.
Diferente do que acontecia há alguns anos, em que as principais doenças laborais se restringiam à rinites alérgicas, dor na garganta e as recorrentes cefaleias, hoje, nossos(as) mestres(as) tem sido acometidos(as) de variadas formas de doenças  psíquicas como: depressão, estresse, síndrome do pânico e a epidêmica síndrome de Burnout, que o INSS nem reconhece como doença ocupacional e por isso nega assistência e direitos garantidos em lei aos(as) acometidos(as) da tal síndrome.
Nossa categoria é composta majoritariamente por mulheres, sendo 85% da força de trabalho na educação básica e chegando  a patamares acima dos 90% nas primeiras séries do ensino fundamental. Entretanto, são essas companheiras que recebem os piores salários , possuem maior carga horária de trabalho e estão sujeitas a todo tipo de assédio no interior de nossas escolas. Esses aspectos não são secundários para se caracterizar o atual estado de coisas que  assolam a escola publica brasileira,  e precisam da compreensão do conjunto dos educadores, pois é nesses espaços que se reproduzem a opressão machista, nossas professoras desempenham duplas, triplas jornadas de trabalho e ainda tem que cuidar dos filhos/maridos ao chegarem em suas casas, o que demonstra a altíssima exploração da sociedade capitalista que recai sobre os ombros da mulher trabalhadora.
Somos um país governado por uma mulher, Dilma/PT, mas  que efetivamente não governa para as mulheres trabalhadoras, parafraseando seu predecessor, “nunca na historia desse país” morreu (leia: matou-se) tantas mulheres, só pra se ter ideia, morrem no Brasil 15 mulheres por dia vítimas de violência machista. No último dia 17,  a companheira, também professora, Sandra Fernandes foi brutalmente assassinada junto com seu filho Icauã, de apenas 10 anos. Sandra era professora da rede municipal de Recife e dirigente sindical. Morta pelo namorado, Sandra foi mais uma vítima do machismo e da falta de politica publica de combate a violência contra as mulheres trabalhadoras neste país.
Os casos das  professoras Sandra e Danila se diferenciam pela natureza das mortes, mas encontram similitude no fato de que as mulheres trabalhadoras tem sido vítimas de todo tipo de violência por parte das famílias, dos patrões e dos governos do mundo capitalista.
É preciso compreender que este governo de frente popular não tem politica para os trabalhadores, aplicam uma política econômica que privilegia os interesses do grande capital, retiram direitos dos(as) trabalhadores(as), achatam os salários, aprovam planos de cargos que são verdadeiros ataques ao funcionalismo publico, retiram direitos previdenciários e não investem os recursos necessários em saúde, educação, transporte público e segurança.
Está na ordem do dia que homens e mulheres da classe trabalhadora marchem ombro a ombro, contra todo tipo de violência e  exploração imposto pela sociedade capitalista e lutem juntos para a construção de uma nova sociedade sem violência, sem opressão, uma sociedade justa e  igualitária.
Sandras, Icauãs e Danilas, PRESENTES!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Violência machista mata dirigente sindical e militante do Movimento Mulheres em Luta

É com extremo pesar que viemos informar que a companheira Sandra Fernandes foi assassinada, junto com seu filho Cauã, de 10 anos,  na madrugada dessa segunda feira, dia 17 de fevereiro. Sandra era professora da rede municipal de Recife.

O namorado de Sandra confessou o crime e já está preso. Mais um triste fato que demonstra as consequências do machismo e da violência na vida das mulheres. Sandra levou nove facadas e Cauã 11.
Sandra militava há 10 anos no PSTU e era dirigente do SIMPERE, Sindicato filiado à CSP Conlutas, que representa sua categoria. Sandra era também militante e construtora do Movimento Mulheres em Luta, e o debate e a luta contra o machismo era parte central de sua história de militância.

Sabemos que a violência machista mata 15 mulheres por dia e que a violência física é a expressão mais bruta e individualizada da ideia de dominação do homem sobre a mulher. Sandra se soma a essa triste estatística, o que não deixar de indignar e entristecer os companheiros e companheiras que militaram ombro a ombro com a companheira.

Soma-se à tristeza da perda, a raiva e a indignação que esses casos geram. Até quando mais mulheres vão morrer em situações bárbaras como essas?

Sandra militava para destruir o capitalismo, o principal responsável por essas barbaridades que todos os dias entristecem e indignam milhares de mulheres, parente, amigos, companheiros, etc.

O capitalismo se apropria da ideologia machista para superexplorar as mulheres trabalhadoras e para sustentar essa ideologia desenvolve outras, vinculadas a essa, como a de que as mulheres são propriedade dos homens e que devem estar sujeitas aos mecanismos da violência física, para que a vontade do homem prevaleça.

A opressão machista sujeita todas as mulheres, inclusive aquelas que lutam contra o machismo. Não é verdade que o fato de ser consciente de sua condição de oprimida tira a possibilidade de viver situações de machismo, porque essa ideologia é a ideologia dominante na sociedade e perpassa a vida das mulheres em todos os seus aspectos.

O assassinato de Sandra nos entristece profundamente e queremos manifestar o carinho sincero com seus companheiros e companheiras de Recife, os que militam no PSTU, os companheiros e companheiras do SIMPERE e as companheiras do MML.

Precisamos transformar a tristeza em raiva contra o machismo e em motor para seguir a luta que Sandra tanto construiu, contra o machismo, a exploração e por uma sociedade realmente sem violência, uma sociedade socialista.

A morte de Sandra não mostra fraqueza dela, nem das mulheres, nem dos seus instrumentos de luta. Mostra força das ideologias que sustentam esse tipo de conduta bárbara, doentia e agressiva de seu então namorado. E precisamos mostrar que a luta de Sandra nunca foi, nem nunca será em vão.

Neste momento de dor, prestamos toda solidariedade à família, parceiros, amigos. Mas também colocamos toda nossa força política a serviço de lutar por um mundo em que não precisemos mais passar pelo sofrimento que estamos passando agora.

Cauã, presente!

Companheira Sandra, presente!

In: http://mulheresemluta.blogspot.com.br/

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Organizar a Luta para Combater a Violência contra as Mulheres


Nesta quinta-feira, 06, acontecerá uma plenária ampliada do Movimento Mulheres em Luta no Maranhão. Várias entidades sindicais e movimentos feministas locais foram convidados para participar da plenária, que tem como principais objetivos: dar continuidade à campanha Pelo fim da violência à mulher trabalhadora e iniciar a organização das atividades para o Dia Internacional da Mulher.

Nos últimos anos, os índices de violência contra a mulher só aumentam. Milhares de mulheres sofrem agressões físicas, psicológicas e sexuais e são assassinadas todos os dias todos neste país, sem que os governos apresentem soluções eficazes de combate à violência à mulher. Esse contexto demonstra a necessidade real da organização para o combate à violência. Essa é a finalidade da campanha lançada pelo MML em 25 de novembro de 2013, quem tem como eixos: a violência sexual, a violência doméstica, as condições de vida das mulheres nas cidades, o assédio moral e sexual no trabalho e a violência do Estado, que se expressa pela violência de classe e desigualdades sociais.

Não podemos esquecer que, além de conviver com a violência, a mulher também sofre com a falta de saúde, de transporte público seguro e de qualidade, de educação, de creche, com os postos de trabalho mais precarizados e com os menores salários. Em contrapartida, os governos, que não investem em políticas públicas para melhorar as condições de vida da população, gastam bilhões em obras da copa e implementam medidas cada vez mais repressivas para impedir o direito de livre manifestação e de greve dos trabalhadores e trabalhadoras. No cenário de Copa do Mundo, em que os holofotes do capital estarão voltados para o Brasil, a faxina étnica e social será executada de maneira mais efetiva, e o governo lançará mão de forte repressão para “manter o controle da situação”, sem explicar porque bilhões serão retirados dos investimentos sociais e transferidos para a iniciativa privada, logo é importante e necessário que os movimentos se organizem para lutar.

Tendo a compreensão de que a luta das mulheres não está separada da luta mais geral dos trabalhadores, mas que também tem demandas específicas e urgentes, como o direito de viver sem ser espancada e de ter creche para poder trabalhar,  de ter um salário justo, o Movimento Mulheres em Luta chama atenção para a necessidade desta plenária e de outras, para discutir e nos organizar para a luta contra a violência e pela construção de uma sociedade sem machismo, sem racismo, sem homofobia e sem exploração, isto é, lutar pela construção de uma sociedade socialista.