Glaucivanda Souza morava em Bacabal e
tinha dezoito anos. Havia terminado um relacionamento com Ricardo Silva
Carvalho, que não aceitando a separação, passou a ameaçá-la por meio de
ligações e mensagens de celular. Na madrugada do dia 01 de setembro de 2013,
Ricardo procurou Glaucivanda para reatar o namoro, mas diante da negativa da
jovem a assassinou com sete facadas na frente de seu filho. Ela foi uma das 2.875 mulheres
negras mortas em 2013, segundo o Mapa da Violência 2015, que revela um aumento de 54% no número de mulheres
negras assassinadas no período de 2003 a 2013. Nesse mesmo período, o número de
homicídios entre as mulheres brancas diminuiu 10%. O mapa também mostra que 55,3%
dos crimes contra mulheres foram cometidos dentro de
casa e, em 33,2% dos casos, os assassinos eram parceiros ou ex-parceiros das
vítimas.
Estamos diante
de uma situação muito grave. As mulheres negras estão sendo mortas e faltam políticas
públicas específicas para atender suas demandas. Isso porque elas não só têm
mais dificuldade de acessar a rede de proteção contra a violência, como também
é mais difícil o acesso à educação, à saúde, à moradia, ao emprego. Além disso,
muitas mulheres negras não confiam no Estado e por isso não recorrem a ele em
caso de violência, pois é o Estado que
mata os homens negros, seus filhos ou companheiros.
Nos meses de
outubro e novembro, milhares de mulheres foram às ruas contra o PL 5069/13, que
restringe o direito ao aborto legal em caso de gravidez proveniente de estupro,
e gritando “Fora Cunha”. Demonstraram que a saída é a organização e a luta
coletiva das mulheres. Não podemos ficar paradas diante dos ataques aos nossos
direitos e vendo nossas vidas sendo arrancadas pela violência machista.
Vamos
continuar lutando e exigindo que Dilma rompa com Eduardo Cunha e com o
congresso nacional, com os quais fez acordos em troca da manutenção de seu
governo. Vamos exigir também que Dilma pare com o ajuste fiscal e que invista
mais recursos em políticas de enfrentamento à violência
contra a mulher, para que a Lei Maria da Penha, promulgada em 2006, saia do
papel e possa ser aplicada. Sem dinheiro para criar mais delegacias especiais
da mulher, casas-abrigo, centros de referência e realização campanhas educativas
de enfrentamento à violência contra a mulher, os índices de mulheres
violentadas e mortas não vão diminuir.
#PeloFimDaViolênciaàMulher
#ForaCunha
#ContraoPL5069/13